Diogo Souza

Escritor e jornalista

Perdoe-me, leitor | Carta | Cara do Espelho



Não me orgulho de escrever essas coisas tristes e pesadas, mas o que posso fazer? Preciso colocá-las para fora de alguma forma. Então, tento explicar o que não se pode explicar, descrever o que não posso ver nem tocar, somente sentir. Não me orgulho de imprimir minha dor nessas palavras. Me envergonho por sentir o que sinto e por essa patética incapacidade de não conseguir me livrar de outra maneira. Julgo e condeno a mim mesmo em silêncio. Não... eu não me orgulho por manchar de sangue mais estas inocentes páginas em branco. Por levantar muros das lamentações, por espernear entre um parágrafo e outro. Mas sem isso, o que me resta?
A escrita não me é mais escapismo, é remédio, é droga que me anestesia das dores que não sei onde me doem, mas doem. Perdoe-me, leitor, pelo vício, mas sem isso, eu morro.

Diogo Souza, 25 de abril de 17