Diogo Souza

Escritor e jornalista

A vida é escrita à caneta | Reflexão | Cara do Espelho


Durante a aula de hoje, vi alguém usando um lápis para escrever e depois pedindo uma borracha para apagar um erro. Isso me fez perceber que o único período que escrevi a lápis foi a infância, quando tudo era mais lúdico, quase fantasioso. Nessa época era permitido errar. Isso me fez pensar que a vida é como um texto escrito a caneta. Se você errar, não tem como apagar, pois é tudo marcado a tinta. Ou você desiste da folha inteira e a rasga, ou você borra, corrige e segue em frente.

E as pessoas reagem de maneiras diferentes aos próprios erros. Tem quem passa um traço e continua prontamente o caminho, outros não aceitam muito bem a incorreção e tentam encontrar uma maneira de remendar as coisas e incorporar o erro. Também tem aqueles que fazem borrões para cobrir a falha, alguns mais suaves e espaçados, outros bem fortes e marcados, enfatizando o tropeço na linha. E tem ainda aqueles que passam corretivo e fingem que nada aconteceu.

Essas são só algumas formas de lidar com os erros “irremediáveis” do mundo adulto, não somente numa folha de papel. São as formas de aceitar, entender, corrigir e seguir em frente. A forma como reagimos diante dos erros dirá se conseguiremos aprender e acertar adiante. Erros são uma grande fonte de aprendizado para quem tem humildade e sensibilidade para aprender com eles.

Quando vejo um texto cheio de borrões, não o encaro como cheio de erros, mas sim como cheio de reflexão e aprendizado. A mesma coisa acontece com as pessoas que encontro, prefiro imensamente ver aquelas que estão cheias de borrões do que as que se cobrem de corretivo e remendos mal feitos. Prefiro as que tiveram coragem de assumir os desacertos, aprenderam com eles e seguiram em frente.

Isso é grandioso. Aprender com os erros é verdadeiramente humano.



Diogo Souza,
04 de junho de 2016, às 23:02
Aracaju/SE