Diogo Souza

Escritor e jornalista

Reencontrando a mim mesmo | Reflexão



Finalmente o reencontro, estou frente a frente com uma página em branco e, depois de tanto tempo sem nenhuma novidade, descubro que nada está como antes. 

Passamos a vida buscando estabilidade em todos os aspectos possíveis e vamos construindo nossos castelos, fazendo o possível para manter tudo do jeito que está. Mas as coisas não são tão simples, o tempo passa e a zona de conforto começa a ficar desconfortável, cada vez mais apertada. Sufocante.

Como pode aquilo que construímos com tanto trabalho para nos deixar em paz e seguros nos causar dano? Somos humanos, seguimos uma longa e incessante jornada, sempre em movimento. Desde o nascimento até a morte. Precisamos nos movimentar, seguir o fluxo da vida. Então, mesmo que quiséssemos, não conseguiríamos ficar da mesma forma e no mesmo lugar. Nossos pensamentos mudam, assim como a nossa pele enruga com o passar dos anos.

Eu mesmo passei por um longo processo de mudança interior há alguns anos, enfrentei muitas crises internas e custei a compreender o que se passava comigo. Saí fortalecido e mudado desse processo e isso foi ótimo. Mas acabei achando que eu era somente o que me tornei depois de passar daquela fase e esse foi o meu erro, pois eu sou muito mais do que aquilo, tanto em coisas boas quanto em ruins.

De certa forma, criei um novo personagem para mim e acreditei nele. Muito mais do que a ser, me obriguei a sempre aparentar ser forte. Então vendi uma imagem minha que, embora não fosse totalmente falsa, não era a única faceta. Então, quando os momentos de fraqueza e instabilidade chegavam, acabava me esforçando para ignorá-los ou atacá-los com a força que eu não tinha.

Esse é o perigo de não querer mudar, você aceita uma forma de ser e agir e se priva de ser você mesmo em sua totalidade. Sei, é confuso, mas é exatamente assim que estou: confuso. E, acredite, isso não é ruim, pois me acostumei a estar sempre no controle e, como isso não é possível 100% do tempo, sofro com ansiedade e estresse.  Então, considero uma vitória agora aceitar o fato de que eu não posso estar bem a todo o tempo.




É tempo de sair do personagem, esticar os braços e as pernas e tirar o peso das costas. Olhar a si mesmo e se reconhecer sem máscaras, aceitar a força e a fraqueza e saber que são essas duas medidas que te fazem ser quem é.

Diogo Souza, 
04 de janeiro de 2017, às 19h:29


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