Diogo Souza

Escritor e jornalista

O medo da verdade | Parceria

Já é dezembro, férias da faculdade e do estágio chegando e o Cara do Espelho está aqui com algumas novidades. A primeira delas é que agora conto com uma ajudinha para manter o movimento na fanpage no Facebook.


Isso mesmo, agora eu tenho uma estagiária! Ela se chama Liliana Ferreira e também escreve, aliás, tem uma sensibilidade incrível.

Ela escreveu a base do texto abaixo para e por mim na semana passada e eu amei, trabalhei nele e o resultado você confere agora, ao som de Paulo Ricardo “Dois”.

Aproveita a nova ferramenta e comenta usando o seu Facebook lá embaixo.



O medo da verdade





            Existem pessoas que nunca tomam a decisão e ficam em cima do muro, na eterna dúvida covarde de não saber quem é ou para onde se vai. Acho até normal, mas eles andam machucando outros tipos de pessoas que não merecem esse sofrimento. Os “covardes” acham que dão aquilo que está em sua essência, dizem que são sentimentos profundos, mas, na verdade, não passam de lagos rasos de sentimentos ainda mais superficiais. Não se dão conta de que só temos um coração e quando ele é partido é ruim à beça juntar os pedaços e consertar. Eles vêm com um jeito todo especial e, de repente, mudam a conduta. O tipo de gente que eu atraio...

No começo, tudo era amor e falava sobre tudo. Entrou em minha vida se achando dono do coração alheio, sentou-se na melhor poltrona para assistir o espetáculo da minha fraqueza e insegurança. E ainda incentivava: “Escuta, estou aqui e não vou a lugar nenhum”. Aí, sem mais nem menos, jogou a chave do coração fora e disse que não era certo. Virou as costas como se eu fosse um vendedor de loja e você um cliente que não gostou da calça que não lhe caiu muito bem.

Agora, você vem de novo e me leva a um surto de indiretas, me deixando frio e calculista, beirando a amargura. Eu já estava me curando, mas você tinha que voltar e, sem dó nem piedade, meter o dedo em minha cicatriz ainda rosada e me deixa sagrando as lágrimas mal choradas.

Só que o tempo cumpriu seu papel e a ferida se fechou outra vez, agora pra mim tanto faz. Você não sabe o que quer, e nem eu sei também, mas ainda acho que você tem o dever de me dizer. Eu só queria ser especial, queria ser algo pra você, alguém para confiar sem medo, para mergulhar de olhos fechados.

Eu não ligo pra razão, muito menos a dos outros, sou emocional mesmo e essa é minha qualidade e meu defeito. Sei que você quer, mas não assume o que sente, coisas de mentes fracas, de quem tem dupla identidade, desvio de conduta, insegurança ou apenas de quem é racional demais. Só espero sua decisão e vou seguindo a minha vida até que você caia na real e perceba que posso ser sua salvação ou uma das...

Meu coração continua batendo num misto de esperança, aflição e ansiedade, tento pensar positivo. Queria que me dissesse logo o que quer de mim ou de nós, pois sou uma pessoa organizada e não quero derrubar meus muros das lamentações e sair comemorando antes do tão sonhado “sim”. Preciso seguir o roteiro.

Olha, não me interpretem mal, eu sou uma pessoa comum em busca de amor, se apaixonando por pessoas erradas que até então pareciam certas... Ou talvez não seja tão apaixonado assim, seja mais alguém fechado e amargurado, querendo não querer e nem me importar. Às vezes, converso com meu reflexo no espelho e digo que você não passa de um babaca, argumento dizendo que faltou às aulas dos 10 mandamentos quando diziam: ”Amar ao próximo como a ti mesmo”. Devaneios.

Quer saber? Acho que você não me ama, afinal como alguém que nem ama a si próprio o suficiente pode amar outra pessoa? Quando nos amamos de verdade e aceitamos nossas verdades, conseguimos nos doar sem medo do que “os outros” vão pensar, até porque eles também não deixam de viver a vida deles por nossa causa.

Não adianta fugir, é preciso entender e enfrentar, pois ninguém consegue fugir de si mesmo por muito tempo e os nossos sentimentos são implacáveis, uma hora eles vão te cobrar uma atitude. E acho melhor viver de emoção também, imagina você no futuro, o que irá contar?

“Olha, colega, eu sempre fiz tudo certinho como me mandaram e andei na linha que desenharam pra mim e,NOSSA, minha vida foi um tédio total.”

Ou...

“Hei, eu até que andei certo, usei a razão, mas a emoção também falava alto e eu não a mandava se calar e seguia em frente. Às vezes, nós andamos aos tropeços e ficamos vulneráveis diante das dificuldades, mas isso me ajudou a montar o cara que sou hoje. Aprendi que medo é só coragem ao contrário. Devo o meu caráter, minha personalidade e minha força a essas aventuras porque eu cresci entre uma queda e outra. E, por mais que me sinta aos pedaços vez ou outra, sou feliz por saber que não sou vazio, me sinto pleno.”

Enfim, decida-se logo, e não se trata de pressionar, só estou dizendo que não nasci para esperar para sempre. Além disso, há um risco de que, quando você finalmente estiver maduro para mim, talvez você já possa estar podre.

Não ligue para os aplausos ou para vaias, siga seu coração, pense em amor, pense em amar e pense em quem ama, pois você será vítima das consequências de suas escolhas.


(Texto de Liliana Ferreira com colaboração de Diogo Souza)